quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Sorria vc está sendo filmada.

Sabe eu deveria ter escondido da minha família que sou bipolar. Na boa, estou cheia do saco.
Me observada o tempo todo, sei que sou motivo de piadinhas e sou obrigada a ouvir teorias absurdas sobre o transtorno. Que saco !!!
Ninguém se interessa em ler sobre o assunto, nunca ninguém quis ir a uma consulta comigo mais na hora de criticar são especialistas. 
Como no dia em que minha mãe estava no hospital e esqueci uma chaleira no fogo, meu irmão me humilhou, gritava comigo me chamando de louca, disse que eu era um incômodo para todos. Não vou entrar em detalhes sobre os perfis de quem me critica mais posso garantir,  que estão longe se serem considerados exemplos de sanidade e moral.
O abuso de alcoól e outras substâncias fez ou faz parte da rotina deles. Mais a velha hipocrosia só permite que eles enxerguem a mim. Nunca usei drogas. Meu problema era com a bebida, que me consumia tanto minha vida que eu mal tinha tempo para cuidar da vida dos outros. Mais agora que parei estou na vitrine. Minha mãe tem um poder fantástico de diminuir minha auto estima em segundos. Mw trata como uma demente, diz aue não sou capaz de conseguir algumas coisas, exagera nos relatos sobre minhas crises depressivas dando a entender para a família que estou insana, que me comporto de maneira perigosa... Tenha dó.
Perigosa eu estava quando começei a beber bem nova, precisando de carinho, apoio e atenção e ela não dava. Claro que tenho momentos ruins, bem ruins mais estou fazendo terapia, tomo medicação, procuro a religião que eu gosto. Estou lutando contra mim mesma para me tornar uma pessoa melhor e parar de sofrer.
Se estou dormindo muito, durmo demais, se estou com insônia pareço um zumbi, se saio muito pra comer, só gasto em besteira, se estou sem fome estou anorexica meu Deus. Que tortura. 
Rezo a Deus que me dê coragem de lutar pelos meus sonhos, que eu consiga um bom emprego dessa vez e possa sair de casa. Ter um pouco de privacidade até para poder ficar triste.

O primeiro.

Ás vezes acho que nunca perdoei meu primeiro namorado. Eu tinha 16 anos. Nos envolvemos quando o bullying tinha terminado mais mesmo assim eu ainda estava  fragilizida por ter vivido tudo aquilo. Eu me sentia feia, inadequada, inferior as outras garotas. Bebia muito para me soltar nas festas e assumir um personagem pois eu detestava ser eu mesma. O ambiente familiar que cresci era terrível para ajudar. Existia amor, porém havia muitas brigas também. Eu nunca me dei bem com minha mãe e meu pai era completamente ausente.
Me apeguei nesse namorado como alguém que esta se afogando se apegaria num pedaço de madeira. Depois de um tempo ele resolveu me assumir para todo mundo e achei que finalmente alguém me amaria do jeito que eu era. Antes dele os rapazes só ficavam comigo as escondidas então aquilo me levou para as nuvens. Eu era fascinada por ele.
Eu era muito apegada a ele, muito ciumenta. Achava que ele era meu salva vidas, meu protetor e era grata por ele ter me assumido.
Ele percebia que eu era insegura e se aproveitava disso para me pisar. Fez bem pro ego dele. Eu tinha ciúme das vizinhas, colegas de serviço, parentes, das minhas amigas. Se estava com ele numa festa e via uma mulher bonita logo pensava que ele se atrairia por ela.
Eu tinha ciúme até das famosas que apareciam na tv e ele elogiava. Sentia dores no estômago por causa disso. Era horrível , muito doloroso.
Após a segunda ou terceira traição (das que eu soube) terminei com ele. Parecia que tinham me arrancado um pedaço. Estava sozinha no mundo de novo, todos os meus sonhos, as promessas de casamento que ele havia feito, se tornaram pesadêlos. Ele se encheu de ego e disse que eu não conseguiria viver sem ele e que os homens só iriam me usar e jogar fora. Nunca esqueci essa frase e pior, acreditei nela.
Já amei outras pessoas muito mais do que amava ele mais como foi o primeiro me marcou de uma forma muito negativa. Passei a vida aceitando migalhas, me rebaixando, implorando amor e me apaixonando facilmente por qualquer um que me desse carinho. Sempre na esperança de mostrar pra ele que eu era sim capaz de despertar amor nos outros e de encontrar alguém melhor do que ele. Eu tinha 17 anos quando terminamos, estou com 31. Só agora que estou me tratando que estou um pouco melhor, que me respeito um pouco mais. Ainda não tenho a autoestima elevada ,como queria ter mais quando um homem tenta me humilhar como ele e os outros fizeram soa um alarme interno e saio fora. Anos depois eu pensei até em me matar após outra desilusão amorosa com um tipo bem parecido com ele. 
Aprendi a amar de uma forma doentia, obssessiva, como se eles fossem minha droga pesada. Isso me assusta pois são sentimentos que me levaram ao fundo do poço.
Mesmo assim eu acredito no amor mesmo após muito sofrimento, hoje as 31, ainda tenho esperança de experimentar um amor verdadeiro, regado a amizade, respeito e companheirismo. Quem sabe um dia...

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Curtindo o batidão.

Meus amados vizinhos do apartamento de baixo estão em reformas a uma semana já. É simplismente uma tortura conviver com tanto barulho, tenho vontade de me jogar pela janela ou de baixo de um ônibus minhocão. Estou com o sono desrregulado e ando dormindo muito tarde. Então as nove da manhã quando as batidas começam tenho vontade de morrer. Eu não suporto barulhos repetitivos : Sirenes, alarmes de carro,  furadeiras, buzinas, alguns toques de celular, gente batendo o pé sem parar, gente falando alto no ônibus, FUNK no ônibus, pessoas tomando sopa fazendo ruídos como se se estivesse chupando a colher... São melodias que dispertam meus ímpetos assassinos e uma cólera profunda. Neste momento eles estão furando as paredes no andar de baixo em dois cômodos diferentes e eu sinto que sofro mais que o personagem João Pedro na novela Renascer. Estou no meu inferno astral.
Eu costuma ir a muitas festas quando era mais nova, vivia na balada, em lugares movimentados. Hoje em dia eu evito multidões, as duas da manhã já estou cansada, caminhando como se precisasse de um andador e com muita fome. É realmente eu mudei muito.A furadeira parece que está penetrando meu cérebro, que já não está muito bom. Vou antecipar minha caminhada de hoje e fugir daqui desse cortiço. Preciso de serenidade.

Magali

Depois que parei de beber, desenvolvi uma relação doentia com a comida. Embora os grupos de mútua ajuda que frequento tenham me alertado contra a substituição de vícios, como quando estou triste,  como quando estou feliz, quando não tenho nada pra fazer. No meu último emprego percebi que gastava boa parte do meu salário com comida. Resultado, quilos a mais e muito indesejados. Sem contar o Lítio que também ajuda a engordar. 
Tinha épocas em que a única coisa que me dava prazer, era a comida. Tenho plena consciência que não devo suprir meu vazio com coisas externas até porque não adianta.
Vou voltar a caminhar, quando eu caminho direto emagreço com facilidade e meu humor melhora muito. Vou aproveitar que a primavera vem ai, minha doença não é sazonal mais no inverno pioro muito. As crises depressivas se intensificam e detesto frio. 
Eu sou compulsiva por tudo. Tudo que me dá prazer eu exagero na dose. Que bom que agora consigo perceber essas coisas para tentar me modificar e ser mais minha amiga. 

A espera de um milagre

Não sei o que é pior. Quando estou deprimida, não tenho vontade de fazer nada,me isolo em meu mundinho particular, não acho graça em nada só durmo e acordo cada vez mais entediada e triste.
Quando estou eufórica, quero tudo de uma vez só e fico na dúvida sobre as opções.Quero fazer um novo curso técnico (pensei em informática),pilates, uma boa dieta pra emagrecer muito rápido, aulas de direção (agora que não bebo mais posso dirigir)  curso preparatório para concursos públicos ou talvez um curso para ser maquiadora profissional...
Tudo isso e muito mais. Na verdade estou em dúvida sobre o quê quero estudar, qual rumo dar a minha vida. Quero estudar alguma coisa que eu consiga concluir e não enjoe de fazer. 
Só tem um pequeno detalhe: Estou DESEMPREGADA. NÃO AGUENTO MAIS ISSO.
Simplismente meu telefone não toca, estou mandando currículos a dois meses e mesmo com experiência, ninguém me chama. 
O jeito é continuar procurando. Tenho muita vontade de mudar minha vida, de progredir profissionalmente pois quando não trabalhei em empresas ruins tive problemas com colegas, chefes com a rotina nas boas. Ah... conviver com as pessoas no ambiente de trabalho não é fácil. Tem dias que não suporto nem a mim mesma, imagina os outros. Detesto ambientes competitivos, disputas por status e poder.
Estou muito ansiosa por uma mudança em minha vida. Uma reviravolta, uma surpresa, algo que faça minha motivação voltar, meu ânimo ir pras alturas e meus olhos brilharem novamente. Preciso de alguma coisa que eu ame fazer. Esse telefone tem que tocar.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Túnel do tempo.

Olá, fiquei sem internet esse fim de semana.  Estive na cidade onde nasci para rever uns parentes. Acabei revendo a mim mesma também. 
Sofri bullying na adolescência, não desejo isso pra ninguém. Foram momentos de muita humilhação e constrangimento. Os adolecentes são cruéis quando querem. Te rotulam, te excluem, te machucam.
Não sei até que ponto isso pode ter afetado minha bipolaridade, mais carrego feridas internas abertas até hoje. Minha autoestima foi muito afetada. Foi assim que começei a mendigar amizades, aceitação e a me sentir um lixo incapaz de despertar amor.
Essas lembranças me atormentam, se eu pudesse não voltava mais lá. Sonhei que estava sendo perseguida e que estavs perdida numa rua a noite, não conseguia encontrar minha casa e havia muita gente passando. Havia um rapaz comigo e ele me protegia de toda aquela multidão, me levava pra casa e me abraçava.
Acordei emocionada, esse rapaz existe e fui apaixonada por ele por um tempo. Amor platônico, ele nunca soube e talvez nunca saberá. Era um dos poucos que não me botava apelidos nem me humilhava em público.
No fundo esse sonho traduz meu maior sonho. Encontrar alguém que me aceite do jeito que sou. Que me apoie, me proteja, me respeite.
As experiências amorosas que tive ,não foram muito positivas parece que consegui atrair as piores espécies de homem para perto de mim.
Tenho dedo ruim. Dez dedos ruins... 
Mesmo assim ainda acredito no amor. 
E enquanto não acho alguém que me ame incondicionalmente, estou aprendendo a me proteger.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Nem Jesus Cristo agradou a todos.

Tudo certo na consulta. A dra. aumentou a dosagem da minha medicação e mesmo achando chato tomar tantos remédios por dia, me sinto mais segura com eles. O sofrimento diminui, a ansiedade, os pensamentos obsessivos. Não gosto mais de ficar eufórica,porque sei que sofro muito depois.
Euforia ah euforia... Minha grande companheira na adolescência. Surtos de euforia sem motivo, regados a muita bebida alcóolica. Resultava em desastrosos episódeos. Eu vivia rodeada de gente que me tratava como boba da corte, a palhaça da turma, animadora das festinhas dos outros. Mais quando essa euforia passava vinha o vazio, a vergonha pelos fiascos e exposição sem limites. O isolamento, as dívidas por gastar horrores pratrocinando festinhas e bebedeiras aos " amigos" que riam de mim pelas costas.
O engraçado é que hoje em dia tem gente que reclama da minha mudança. Me acham chata por não beber mais, me evitam, falam que estou louca de tanto remédio. As pessoas nunca estão satisfeitas. Agora que parei de me expor e de mendigar o amor dos outros fiquei louca. Mais se nem Jesus Cristo agradou a todos, não vou por minha saúde mental em risco pra agradar ninguém. Vou continuar com meus remédios e longe das bebedeiras.